terça-feira, 14 de outubro de 2008

João e a comunidade negra de Salvador- avanços e conquistas

É justo divulgar as realizações demandadas pela comunidade negra que é a maioria da cidade. Na condição de militante e dirigente de entidades do movimento negro, vejo a forma injusta como o pessoal do PT, PCdoB e PV, manipula as informações referentes às conquistas dos afrodescendentes em nosso governo. Fui um dos proponentes de políticas públicas específicas para a população negra e creio que muitos dos compromissos assumidos por João em 2004 foram efetivados na prática: João foi o prefeito que mais nomeou negros e negras para cargos de primeiro e segundo escalões no seu governo - o secretário de Ação Social, a secretária de Educação, o secretário de Promoção da Cidadania, o superintendente da SUMAC, o secretário e o sub-secretário da Reparação, o subsecretário da SEMAP, o sub-secretário da Educação, o diretor da EMTURSA, além de dezenas de coordenadores, diretores, gerentes etc.
Eu, por exemplo, fui cotado para ser secretário da Reparação, mas fui convencido a apoiar o nome do PT para facilitar os acordos negociados com o lider vereador Sérgio Carneiro.
João absorveu as propostas da Associação dos Portadores de Anemia Falciformes - ABADFAL, nomeando os seus dirigentes para cargos na Prefeitura, criando o primeiro Grupo de Trabalho - GT de Saúde da População Negra, ligado ao gabinete do Secretário de Saúde Municipal e trabalhando em conjunto com a Secretaria da Reparação e com as Administrações Regionais. Este grupo realizou Feiras de Saúde em comunidades quilombolas e em quase todos os terreiros de religiões de matrizes africanas da cidade, com todo o apoio do prefeito, que tem a sua religião mas que não perseguiu outros religiosos. Aliás, quando disseram que ele tiraria as imagens do Dique do Tororó, o prefeito colocou cem cisnes no Dique e foi ver de perto a saída do Bloco Ilê no Curuzu com total cobertura da imprensa, ao lado de Mãe Hilda. João entregou o carnaval de Salvador no bairro da Liberdade de Mãe Hilda e de Vovô do Ilê, e, em Cajazeiras os tambores africanos de Carlinhos Brown marcaram a abertura do carnaval do povão saindo do centro para a periferia, quebrando velhos paradígmas e preconceitos.
João fortaleceu a Secretaria da Reparação que com o ex-prefeito Imbassahy ocupava duas salas no prédio do IPS, onde a secretária revezava o atendimento com os técnicos que usavam a mesma sala. Além das novas instalações na Ladeira de São Bento, João deu todo o apoio ao Observatório do Carnaval, instrumento para combater o racismo no Carnaval. Como resultado desse trabalho, João mandou demitir um agente da SESP que foi filmado agredindo uma criança no centro da cidade. Aliás, sempre que o assunto era negritude, João prestigiava a secretária Olívia Santana e o secretário Gilmar Santiago para encerrarem os eventos com discursos em que ambos os secretários, atualmente com outro candidato, elogiavam a postura democrática do prefeito João Henrique. O próprio Gilmar despachava na sala do prefeito João Henrique até o dia 04 de abril de 2008, de onde se despediu garantindo uma convivência cordial com o prefeito João.
João deu apoio ao mapeamento dos terreiros de religiões de matrizes africanas em Salvador.
João apoiou a primeira caminhada dos terreiros em 2005, colocando out-doors na cidade, liberando o espaço da SUMAC para o apoio aos coordenadores da caminhada, pagamento do pequeno trio que serviu de palco móvel para a manifestação religiosa, cumpriu a sua obrigação destacando o apoio da SET, carros de apoio com água mineral e apoio aos idosos que caminhavam na Av. Vasco da Gama. Apoiou com menor força as caminhadas de 2006/07.
João autorizou a Secretaria de Habitação a fazer projeto para recuperação das áreas de acesso e do entorno dos terreiros da Federação, Engenho Velho e adjacências;
João desculpou-se publicamente pelos excessos cometidos pela SUCOM na demolição parcial de um terreiro no Imbuí, em área irregular e que já tinha sido derrubado em 1997 pelo ex-prefeito Imbassahy;
João não tem vergonha de ser fotografado em contato com líderes religiosos de outras religiões. Em seu gabinete, ouviu cânticos aos Orixás por algumas vezes em que recebeu em audiências seus representantes, o que lhe rendeu reclamações de evangélicos inconformados com a sua foto no Diário Oficial ao lado de sacerdotes do Candomblé.
Ao contrário do candidato do PT, João vai à Lavagem do Bonfim e sobe a Colina da Igreja em respeito às tradições culturais da cidade. João sabe que ao subir a ladeira não se converterá em outra religião, assim como abraçar dirigentes de Afoxés e Mães-de-Santo durante a caminhada. O outro candidato não sobe a colina do Bonfim, não entende uma cidade plural como a nossa Salvador.João apoiou ações afirmativas para escolarizar as mulheres negras com baixa escolaridade, dando carta-branca para a ex-secretária Olívia Santana.
João respeita as conquistas do Movimento e não se apropria delas, mas faz o seu papel como gestor público da cidade que o elegeu.
João ouviu todas as lideranças do Movimento Negro que o procurou em seu gabinete. Quando não pode atender, ouviu com respeito.
João autorizou o desfile do Bloco do Coletivo de Entidades Negras - CEN, no Carnaval de 2005, saindo no Campo Grande pelo primeiro ano em horário nobre.
João garantiu aos afrodescendentes das Ilhas de Maré e Bom Jesus, transporte de barco gratuito para que os alunos frequentassem as escolas, o que antes não era feito.
João deu todo o apoio para que Salvador fosse a cidade pioneira na implantação da Lei 10.639 nas escolas públicas, introduzindo os ensinos africanos, literatura e história da África nas escolas da rede municipal. Eu por exemplo, fiz palestras em dezenas de escolas da Prefeitura para educadores e pais de alunos sobre o tema.
Tentaram dizer que João iria acabar a Festa do Rio Vermelho, insinuando intolerância religiosa, João fortaleceu a Festa em pleno carnaval e convidou o Carlinhos Brown para comandar a festa bem ao seu modo africano.
João ofereceu cursos de inglês e espanhol para as baianas de acarajé, certificando-as em solenidade no Palácio Thomé de Souza com todos os ritos africanos;
João lançou o Programa Cultural no Palácio Thomé de Souza, homenageando o compositor Riachão.
João apoiou a homenagem ao samba e à capoeira durante o carnaval da cidade, valorizando e respeitando esses ícones da cultura de matriz africana.
Ao contrário do ex-prefeito que demitiu quase cinco mil negras e negros, a maioria da LIMPURB, perseguidos e espancados no centro da cidade, João mandou pagar o FGTS dos demitidos.
Ao contrário do ex-prefeito que perseguiu e humilhou os vendedores ambulantes, 94% negros e negras não atendidos pela economia formal, João deixou áreas para eles trabalharem em paz.
João apoiou a realização das Conferências Estadual e Municipal pela Igualdade Racial, e, apesar de não ter militância nessa área, surpreendeu a todos e todas pelo seu discurso nesses eventos, provocando elogios de vários segmentos do Movimento Negro.
Não podemos dizer que João virou ativista, nem é esse o seu papel, mas podemos dizer que ele se posicionou como aliado, não criou obstáculos, foi parceiro e se esforçou para entender a questão. Quando não sabia, perguntava sem prepotência e sem arrogância, aos seus auxiliares militantes da causa negra.
Falar a verdade também é ser revolucionário. Aprendemos assim com a esquerda e a militância dos anos 70/80. Aprendemos também a acumular forças com a nossa organização e a construir hegemonia política através da nossa postura e comportamento ético.
É bom não mentir e tratar de construir poder, ao invés de ficar inventando e manipulando pessoas em nome do Movimento Negro para obter benefícios pessoais.

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