Maria Júlia, jornalista da Globo, está sendo ofendida e desrespeitada por manifestações racistas nas redes sociais.
Creio que tais manifestações devem-se à falta de orientação, educação e ao racismo em nosso País. Um racismo sofisticado que nao se sabe ao certo quem pratica, mas sabemos quem sofre.
Um Brasil que acorda vendo na tv, jornalistas brancos, passa o dia com comunicadores brancos e vai deitar vendo apresentadores brancos.
Um Pais que de repente se assusta com a presença negra na sua tela, e o que deveria ser normal, num País de mais de cinquenta por cento de pessoas negras, passou a ser anormal.
Este País e as suas elites, que se querem ibéricas, nao aceitam a mulher negra na tv. Infelizmente, nao aprendemos a nos ver por inteiro.
A culpa também é da tv e dos demais meios culturais circulantes - tv, rádio, revista, jornal, que nas suas grades de programação e propagandas, todas elas despossuidas da nossa presença negra, da cor do Brasil, esquecem de retratar o Pais na sua diversidade.
Um Pais que infelizmente ainda tem vergonha de se olhar no espelho e de se ver por inteiro.
A Bahia sai em defesa, não da jornalista agredida, mas em defesa da consciência nacional, que precisa aprender a ver um Brasil sem o photoshop étnico que tanto nos envergonha.
É sempre bom lembrar que os líderes politicos e empresariais do mundo inteiro sempre perguntam, quando dos encontros e colóquios internacionais: "onde estão os negros e negras desse País, que nunca estão nas agendas internacionais?"
O Brasil avança nas politicas afirmativas, mas ainda temos muito por fazer.
Nos resgate, Maria Julia, você é a negra da vez, neste Pais que se acostumou a ver duas crianças brincando de carrinho: uma brinca de empurrar o carrinho e a outra brinca de ir dentro do carrinho. As duas crianças brincam, mas apenas uma empurra. Você ousou em ficar dentro do carrinho. Isto incomoda.
Ailton Ferreira, sociólogo
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