terça-feira, 24 de julho de 2012

Brasil terá Observatório da Discriminação Racial durante a Copa do Mundo

Por Daiane Souza

O Brasil contará com o Observatório da Discriminação Racial durante os eventos internacionais dos quais será sede nos próximos anos. Foco da atenção mundial em 2014, o país receberá seleções de 32 nações para a Copa do Mundo e, por se tratar da segunda nação com o maior número de negros, já pensa estratégias para a fiscalização e prevenção de atitudes racistas, além de xenófobas e homofóbicas.

O assunto foi debatido entre o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Eloi Ferreira de Araujo, a vereadora Marta Rodrigues, da Comissão de Reparação da Câmara de Salvador e Ailton Ferreira, secretário Municipal de Reparação da capital baiana, na manhã desta quinta-feira (19). A FCP, instituição vinculada ao Ministério da Cultura (Minc) e referência nas questões da cultura negra, apoiará à iniciativa.

Para Eloi Ferreira, a ideia é aproveitar a visibilidade que a Copa trará, a fim de alertar para a importância de combate ao racismo. “Por meio do futebol internacional queremos assegurar o respeito à diversidade e dar visibilidade às manifestações da cultura afro-brasileira”, destacou. Ele propõe que as manifestações que fazem parte da identidade nacional sejam incorporadas à missão do Observatório, tornando sua postura institucional referência nas questões racial e cultural.


Articulação – De acordo com Marta, o Observatório da Discriminação Racial já existe em Salvador e atua nas grandes manifestações locais como o Carnaval, desde 2005. “Porém a ideia é nacionalizar o trabalho, ampliando-o para todos os estados onde acontecerão os jogos da Copa”, ressalta. Mas, para que isso seja possível, ela alerta que é fundamental a articulação entre Governo, instituições privadas e sociedade.
Marcos Antônio Almeida Sampaio, presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras (CMCN), explica que a primeira grande experiência do Observatório já tem data para acontecer. “Será em 2013 durante a Copa das Confederações. O evento será a nossa base e o preparo para que possamos cobrir outros eventos internacionais”, disse.

Segundo ele, os diagnósticos da exclusão a serem registrados durante esses eventos poderão servir de base para ações do próprio Governo no combate ao racismo e na melhoria de serviços voltados a população negra. “Os dados serão importantes, pois poderão colaborar na criação de estratégias que venham a solucionar demandas sociais como desemprego, qualificação do atendimento à saúde, ensino e outros”, completou.


Metas e ações – No que diz respeito à ampliação do programa, entre as principais metas a serem alcançadas estão o desenvolvimento de campanhas educativas tratando das temáticas “racismo”, “xenofobia” e “homofobia”; o mapeamento de oportunidades para a geração de emprego e renda aos afrodescendentes, garantia da equidade na participação de negros no mercado de trabalho durante o evento e a capacitação e qualificação dos envolvidos com este mercado.

Entre as ações previstas estão audiências direcionadas a jornalistas e locutores de futebol para que evitem situações que possam gerar constrangimentos, estimulem a ética e o respeito à diversidade, e para que saibam lidar com fatos que venham a ocorrer durante os jogos.

Ailton Ferreira pontua que o Brasil tem o dever de tratar das questões de racismo. “Temos que mostrar ao mundo que estamos atentos”, diz. Dada a relevância do futebol brasileiro e os atos racistas a que jogadores do país já estiveram submetidos, ele explica que uma das propostas em estudo é uma campanha em que apareçam jogadores-ícones, acompanhados do slogan No país dos craques não cabe racismo.

Marta completa, recordando que em um evento internacional onde o lema é Juntos num só ritmo, não se pode andar passo a passo com as discriminações. A vereadora esclarece que uma campanha como esta pode trazer inúmeros resultados positivos. Entre eles, a reflexão dos próprios jogadores em relação à sua raiz e identidade.

Fonte: http://www.palmares.gov.br/2012/07/brasil-tera-observatorio-da-discriminacao-racial-durante-a-copa-do-mundo/

Um comentário:

Allex disse...

Enquanto isto uma Comunidade Quilombola Centenária inteira está sendo maltratada,despejada de suas terras em Aratú pela Marinha do Brasil, e por medo a imprensa da Bahia pouco toca no assunto. Pessoas de idade e crianças,já foram a óbito por falta de socorro,pois a Marinha impede o acesso. Fora as agressoões nas incursões realizadas normalmente a noite. Se querem a área, porque não relocam os Quilombolas para uma área similar para que elespossam continuar suas atividades?