quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Religião "Quebra-Galho"

Desde o primeiro capítulo, o Evangelho de Marcos mostra como a ação de Jesus pode ser conhecida, mas não entendida em profundidade. Iniciando por Cafarnaum, com as curas, a fama de Jesus se espalha pela Galileia. Ele vence a tentação da popularidade e deixa Cafarnaum para pregar e agir pelas aldeias da Galileia. Ou seja, enquanto todos o procuram, Jesus se retira, pois é ele quem vai à procura das pessoas.
O mestre bem conhecia a vida do seu povo. Povo doente, dominado por forças maléficas – conhecidas então como “demônios”, ou seja: todas as amarras e opressões que impediam às pessoas serem elas mesmas. Jesus tem poder sobre o mal e restitui às pessoas a dignidade perdida, a liberdade roubada.
Compreender em profundidade a sua ação é superar a religião do quebra-galho, que transforma Deus num resolve-problemas de emergência para situações que nós mesmos criamos. Porque, ao querer transferir para Deus a solução de nossos problemas, jogamos para ele responsabilidades que são nossas. Quem criou a fome, a miséria e a injustiça no mundo? Se o ser humano as criou, é dele a responsabilidade da solução. Deus não acabará magicamente com a fome do mundo, mas com a fé nele nós podemos nos responsabilizar com a construção de relações solidárias e fraternas. Deus pode nos ajudar a superar a enfermidade, mas cabe a nós eliminar situações que causam tantas doenças.
Se Jesus venceu a tentação da popularidade, fica para nós o desafio de vencer a tentação da religião do quebra-galho. A missão de Jesus é libertar o ser humano de toda espécie de dominação que o mantém preso e o impede de ser sujeito da própria história. Missão que recebemos como discípulos. A sogra de Pedro, libertada, põe-se a servir. E nós, quão livres somos e quanto serviço prestamos aos outros? Nossa religião é a religião da liberdade e do serviço, da fé e da responsabilidade.

Pe. Paulo Bazaglia, ssp

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