quarta-feira, 6 de julho de 2011

O isolamento linguístico na África Negra e sua diáspora

O afastamento geográfico e político da África com sua diáspora durante longo período tornou o mundo acadêmico excessivamente eurocêntrico. Relegando os vários idiomas africanos a uma estatura de dialetos e menosprezando todo aporte intelectual e idiomático da maioria dos dizeres e todo o seu conteúdo imagético transformado em lendas.No Brasil por exemplo até pouco tempo seria possível que uma pessoa estudasse desde a primeira infância até o seu doutorado sem nunca sequer ter lido um poema de um autor africano, seja de qualquer lugar que ele fosse. Isso faz com que em muitas faculdades brasileiras os autores africanos, ainda que doutorados e com vasto material publicado, não sejam contemplados como referência bibliográfica.Após a promulgação da lei 10.639/03, que obriga o ensino da história dá África e da história do negro no Brasil, convertida na lei 11.645, abriu-se uma lacuna no conteúdo programático do ensino brasileiro especialmente na área das ciências humanas. Como estudar a historicidade de um continente cujo legado era o silêncio imposto pela negação da sua cultura, filosofia, arte, literatura e linguagem, rejeitando a humanidade daqueles que lá estavam?Precisamos dar voz ao continente africano com a força da sua sabedoria ancestral e recolher as sementes de uma África pré colonial com suas fronteiras naturais e compartilhar saberes e oralidades. O que cada povo tem para nos dizer.Faz-se necessário a participação das nações africanas no desenvolvimento lingüístico da sua diáspora, tendo em vista a importância do pensamento africano através das suas mais diversas línguas através de traduções sistemáticas para os idiomas do novo mundo, ampliando o discurso filosófico do mundo acadêmico. Contando com a participação de especialistas e portadores do patrimônio ontológico, na construção de um maior intercâmbio, diminuindo assim o isolamento lingüístico a que hoje somos submetidos.



Denilson José J. Santana - Coordenador do Centro de Cultura e Idiomas Mário GusmãoColaborador da Casa da Nigéria na Bahia e Promotor do estudo da língua Yorùbá no Brasil.



Um comentário:

Denilson José disse...

OBRIGADO PELO APOIO!!!LEVANDO A MENSAGEM ADIANTE!!!