terça-feira, 1 de março de 2011

O samba da Bahia está em alta?



Essa é uma pergunta que exige uma reflexão. Em 2003, pouco se falava de samba na Bahia, a idéia de se cantar samba era vista com preconceito e havia pouquíssimos artistas (dentre eles Gal do Beco, Barlavento, Neto Bala, Batifun , Clécia Queiroz) e casas onde se tocasse esse gênero musical. Hoje, assistimos pipocarem grupos e muitos são os espaços criados especialmente ou utilizados para abrigar o samba, que aliás ganhou espaço dentro do carnaval e no Festival de Verão. Então voltamos para a pergunta: O samba da Bahia está em alta? Qual é o samba produzido na Bahia nos dias atuais? O que é mesmo esse samba da Bahia?

Em 2004, o samba de roda do Recôncavo Baiano foi reconhecido como Obra-Prima do Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO e algumas medidas foram tomadas para a sua salvaguarda, como oficina da viola machete - viola característica do samba-chula do Recôncavo - e produção de CD, em realidade um registro maravilhoso de sambas da região. No entanto, será mesmo o samba de roda o que tem vigorado na produção dos artistas locais e desfilado na avenida no carnaval? Sabemos que a Associação dos Sambadores e Sambadeiras da Bahia - Asseba, criada em função do Plano de Salvaguarda para o reconhecimento do samba de roda da Unesco, - reúne hoje mais de noventa grupos e competentemente tem promovido encontros entre mestres, pesquisadores, rodas de samba e shows no Recôncavo, cidades brasileiras e até mesmo no exterior. No entanto, esses grupos visitam pouco Salvador e não são eles que freqüentam as páginas dos jornais no final de semana. Quantos são os grupos e artistas das mais novas gerações que se dedicam ao samba de Roda na capital? É o samba de roda mesmo o que está se chamando de samba da Bahia? Ele está nas escolas, nas rádios? O samba da Bahia tem uma outra identidade? Ou será o modismo, oportunismo ou vislumbramento de retorno financeiros de muitos grupos, que apenas repetem a fórmula do samba urbano carioca (ou brasileiro), sem nem ao menos estudar um pouco mais sobre o samba, o que tem pintado nas rodas da Bahia? Questões a serem refletidas...

Autor desconhecido


Um comentário:

Carlos Cardoso disse...

Ailton, ouvir um dos bambas baianos dizer que o samba nasceu na Bahia, porém o Rio de Janeiro foi quem cuidou!
Nosso samba de roda, não tem tocado nos radios e o "partido alto" é predominante nos grupos soteropolitanos.
Existe ainda uma vertente do samba, denominado pagode, que tem os aplausos da maioria das pessoas, o que me faz refletir que existe sim uma relação entre Educação, conteudo com a arte que nos absorve.