quinta-feira, 13 de maio de 2010

Semur apresenta espetáculo “O Dia 14” para escolas municipais

A Secretaria Municipal da Reparação (Semur) apresenta o espetáculo “O Dia 14” como instrumento para aplicação da Lei 11 645/08 nas escolas municipais. A peça, que será realizada nos dias 14,15 e 16 de maio, no Espaço Barroquinha, às 20h, conta a trajetória da diáspora negra do “Brasil-colônia” até os dias atuais, tendo como eixo o antes e o após a abolição.

De acordo com o secretário da Reparação, Ailton Ferreira, a introdução do espetáculo “O Dia 14” no calendário da rede municipal de ensino representa uma ferramenta importante para a consolidação dos estudos da cultura africana e afro-brasileira, em cumprimento da Lei Federal 10.639, além de dar um suporte pedagógico ao programa de combate ao racismo, que é prioridade no governo municipal. “O espetáculo O Dia 14 serve como uma reflexão sobre a abolição, que foi apenas um instrumento oficial, e não reparador, que resultou em sequelas de quase quatro séculos de escravidão praticadas no Brasil”, enfatizou o secretário.

O espetáculo dirigido por Ângelo Flávio, indicado, ano passado, a um dos mais importantes prêmios do Norte Nordeste, o Prêmio Brasken de Teatro, conta com sonoplastia do cantor Dão e do DJ Cláudio Manoel - Angelis Sanctus. O Diretor mergulha na desigualdade social brasileira e mostra a trajetória dos negros do navio negreiro à invisibilidade social, além das frequentes chacinas que têm violentado a periferia da cidade. O espetáculo é intercalado por trechos de entrevistas que analisam a questão racial no Brasil. “Acho que estamos diante de um grande passo para a democrática formação educacional de um país que se diz híbrido. Poder contar a História do povo negro para índios, negros e brancos é desmascarar a face oculta do racismo institucionalizado no nosso país”, diz Ângelo Flávio.

De forma não cronológica, sete atores interpretam personagens que retratam essas questões. Corpos tensos, atemporalidade e movimentação são as marcas desse ditirambo negro. No fundo do palco, nas alturas, um personagem branco come frango e toma vinho. No primeiro plano, os atores negros mostram situações inconscientes e emblemáticas do preconceito e ao mesmo tempo da luta pela igualdade racial no Brasil. São temas do espetáculo os conflitos do dia-a-dia e a história do país marcado muitas vezes por uma política de embranquecimento, como ressaltam alguns historiadores, quando comentam a importação de mão-de-obra branca com a vinda dos imigrantes italianos para o sul do país.

CAN - A Cia de Teatro Abdias do Nascimento (CAN) nasceu na Escola de Teatro da UFBA, em 2002, e é formada por estudantes negros. Eles passaram a discutir a constante ausência do negro em cena e nos papeis principais, o inexistente estudo da dramaturgia escrita por negros e sua aplicação na grade obrigatória curricular da instituição, além de debater o eurocentrismo que, até hoje, é cânone epistemológico nas universidades. A CAN, além das montagens sempre bem sucedidas e elogiadas pela crítica especializada e público em geral, vem realizando constantes atividades onde são discutidas ações de políticas afirmativas e democratização da cultura. Em seu currículo, o grupo traz cinco montagens com a direção de Ângelo Flávio, seu fundador.

Fonte: SECOM

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