terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Diálogo Inter-Religioso

E Silvia pediu desculpas a Jaciara, juntas construirão a harmonia.

No dia 29 de janeiro, a Prefeitura Municipal do Salvador, através da Secretaria da Reparação (SEMUR) e o Conselho Municipal das Comunidades Negras (CMCN) reuniram lideranças religiosas dos mais variados segmentos, no centro de Salvador. O tema era a Intolerância Religiosa e a liberdade de culto garantida na Constituição.

Para o evento a Semur e o CMCN convidaram as representações religiosas presentes e atuantes em Salvador: Seicho-no-ie, Religiões de Matriz Africana, Umbanda, Catolicismo, Rastafári, Evangélicos neo-pentecostais, Islamismo, Espiritismo, Protestantes, Hare krishna que estiveram presentes ao encontro em comemoração ao Dia Municipal de Combate a Intolerância Religiosa.

Iniciei este artigo falando das desculpas generosas trocadas durante o evento, que tiveram como protagonistas, a Drª Silvia Cerqueira, presidente da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade Racial da OAB do Brasil e a militante, liderança religiosa e yalorixá do Abassá de Ogum, Mãe Jaciara. A Drª Silvia Cerqueira, que representava no evento o Bispo Marcio Marinho, Deputado Federal e líder da IURD, na condição de religiosa, advogada e militante negra, assumiu as falhas humanas e ressaltou que somente Deus não falha, que somente o pai é perfeito.

Ao encerrar a sua fala chamou de irmãs e irmãos todos religiosos alí presentes e pediu desculpas, afirmando publicamente:”A liberdade religiosa deve ser respeitada, já que a liberdade de culto está assegurada na Constituição Federal”. Silvia, ainda advertiu que, como membro da OAB será a primeira defensora das leis na condição de operadora do Direito e na condição de militante em defesa dos Direitos Humanos. Pediu desculpas a Mãe Jaciara, contextualizando os erros históricos e a chamou de irmã, parceira no sentido de construir, a partir dali, um diálogo inter-religioso.

Mãe Jaciara, chamando-a também de irmã, se comprometeu a partir dali a construírem juntas uma agenda em nome da harmonia religiosa. Todos os religiosos presentes apontaram as forma pelas quais buscam chegar ao PAI, que foi o título do Diálogo: Por qual caminho você vai ao Pai? Alguns falaram do trabalho social que realizam, outros falaram da suas formas de inclusão social, apontando cada vez, com maior ênfase para uma fé comprometida e concreta, que se realiza no exercício das transformações do cotidiano.

Ao final do encontro uma certeza: é possível manter o exercício da paz e o fortalecimento de boas ações, quando os seres humanos resolvem estabelecer o respeito e a democracia, enquanto valores universais.

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